A sustentabilidade é verde
A Sustentabilidade é verde
Quanto mais um sistema ou modo de vida está construído sobre o
verde e a fotossíntese, mais ele é renovável e sustentável... Até que
se apague o sol...
O que seria de nós sem a fotossíntese? O que seria de nós sem algas e
plantinhas verdes? As algas garantem nosso oxigênio nos pulmões do
planeta que são os oceanos. Os vegetais são os únicos seres vivos
capazes de transformar e armazenar parte da energia solar em produtos
complexos. Esses compostos (açúcar, proteínas, celulose, gorduras etc.)
estocam energia e servem de matéria prima às diversas formas de vida.
Pelas
leis da termodinâmica, a energia se degrada. Em todo o processo de
trabalho, a energia vai se transformando e sendo perdida sob a forma de
calor. É o princípio da entropia. Da energia de um tanque de gasolina,
quando se usa um carro, o que resta? Apenas o calor dissipado no meio
ambiente. O mesmo ocorre com o alimento ingerido. Não é possível
recuperar a energia inicial se tentássemos refazer esse ciclo, ao
contrário. Tudo termina em calor e resíduos. A atividade humana tem
balanço energético negativo.
Mas a principal fonte de energia da
agricultura é o sol. E ele está sempre alimentando o planeta com sua
energia. Desconsiderando-se essa fonte abundante e gratuita, a
agricultura tem um ganho energético positivo na maioria dos processos.
Os processos industriais, os serviços e o consumo gastam energia e
sempre terão baixíssima sustentabilidade. Quanto mais um sistema ou modo
de vida está construído sobre o verde e a fotossíntese, mais ele é
renovável e sustentável... Até que se apague o sol.
Os ciclos
agrícolas repetem-se há milhares de anos. As plantas absorvem a energia
solar e reciclam resíduos. Animais e humanos devoram, consomem,
desfrutam e degradam matérias primas vegetais: pastos, alimentos, lenha
em padarias e pizzarias, madeira de móveis e casas, borracha de pneus...
E petróleo, energia solar armazenada por algas e micro organismos e
fossilizada, cujos derivados nos cercam em abundância.
A
população humana seguirá crescendo. A demanda por alimentos, matérias
primas, energia, bens e serviços também. Para satisfaze-la é necessário
não ultrapassar a capacidade de produção dos sistemas naturais nas
práticas extrativistas, como a pesca e a coleta de matérias primas nas
florestas (madeiras, fibras etc.). Os limites de produção dos sistemas
extrativistas já estão atingidos e em muito pouco poderão ser ampliados.
O desafio é de gestão. Já o caminho da sustentabilidade e da energia
renovável passa pela agricultura moderna, não extrativista. A
conscientização ambiental, a racionalização de processos produtivos, o
consumo consciente, a economia de energia e as novas atitudes dos
cidadãos ajudam, mas não estão na base das soluções. Elas estão no campo
e precisa do apoio das cidades. Os tempos de mudanças globais trazem
duas preocupações: como reduzir emissões e como retirar o "excesso" de
gás carbônico da atmosfera. Soluções de grande magnitude para esses
problemas estão na agricultura brasileira e na bioenergia.
Com
temperaturas mais elevadas, os países de clima temperado vão se
interessar cada vez mais pelas tecnologias sustentáveis para agricultura
tropical desenvolvidas no Brasil. O caminho da sustentabilidade é a
intensificação da sua agricultura, aumentando a produtividade sem
desmatamentos e promovendo uma melhor gestão territorial do agronegócio,
com ciência, consciência e tecnologia.
*Evaristo de Miranda é Doutor em ecologia e Chefe Geral da Embrapa Monitoramento por Satélite
Fonte:http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/sustentabilidade/conteudo_232325.shtml
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